Descubra a importância histórica do primeiro livro brasileiro de contabilidade, "A Metafísica da Contabilidade Comercial", de Estevão Rafael de Carvalho.
Lançado em 1837, este marco da contabilidade brasileira revela a evolução da contabilidade como ciência no século XIX, apresentando o método de partidas dobradas.

No vasto campo da história da contabilidade, encontramos teorias e práticas que moldaram sociedades, economias e políticas ao longo dos séculos. Um marco importante nesse cenário é o primeiro livro brasileiro de contabilidade, lançado em 1837 por Estevão Rafael de Carvalho. Essa obra pioneira, intitulado A Metafísica da Contabilidade Comercial, é resgatado por meio de uma pesquisa qualitativa com abordagem historiográfica.
Estevão Rafael de Carvalho

Estevão Rafael de Carvalho nasceu na cidade de Viana, Estado do Maranhão no ano de 1800. Pertenceu a uma família tradicional maranhense; seus pais eram João de Carvalho Santos e Margarida Francisca de Araújo Carvalho.
Carvalho foi professor da Aula de Comércio no Maranhão, orador, parlamentar e jornalista. Foi eleito deputado à Assembléia Geral para a legislatura de 1834-1837, durante a qual teve atuação marcante, pela sua inteligência e suas intervenções irônicas e cheias de mordacidade, com propostas polêmicas que despertaram grandes discussões na Corte. Foi, também, membro destacado da Assembléia Provincial. Deixou várias contribuições literárias e jornalísticas de considerável valor.
A Metafísica da Contabilidade Commercial
O cerne da contribuição de Carvalho para a contabilidade brasileira está na "Metafísica da Contabilidade Comercial", onde ele realiza uma exploração inovadora. Sua análise detalhada discute a contabilidade como ciência, um pensamento avançado para o século XIX. Um dos aspectos mais notáveis da obra é a introdução do método de partidas dobradas, um conceito que ainda hoje é fundamental nos princípios contábeis.
"A arte, pois, não sendo outra coisa senão a prática dos princípios da Ciência, tem por fim indicar o como se faz alguma coisa. [ ] A Ciência, porém, ensina o por que se faz essa coisa."
Apesar da publicação em 1837, o livro é uma continuação da obra escrita por Carvalho em 1833, quando anunciou sua publicação no jornal O Publicador Official. Por insistência de amigos, ele decidiu continuar a escrita, destinado aos seus alunos. Ele utilizava o livro em suas aulas de Comércio no Liceu Maranhense, contextualizando a teoria com a prática.
O livro é dividido em três partes, a primeira trata-se da Contabilidade Natural, que se refere às transações à vista: compra e venda de gêneros; às transações a tempo, ou seja, a prazo; e às transações à vista e aprazo conjuntamente.
A segunda parte trata da Contabilidade Artificial, onde o autor explana sobre a escrituração parcial ou “partidas singelas”, equivalente a partidas simples e o balanço.
A terceira parte aborda a escrituração recíproca, ou seja, partidas dobradas e apresenta dois exemplos de balanço. Além disso, o livro exibe diversos exemplos e exercícios que utilizam as operações mercantis características da época.
A Visão Inovadora de Estevão Rafael de Carvalho
Carvalho foi um dos precursores para o amadurecimento do pensamento da Contabilidade como uma ciência, visto que, ainda no século XIX, já argumentava em seu livro, no capítulo denominado “Advertência aos Estudantes”, as diferenças entre arte e ciência e seus reflexos no campo da Contabilidade.
Carvalho argumenta sobre a necessidade dos gestores em possuírem informações mais detalhadas sobre os negócios para tomarem suas decisões. Nesse sentindo, a contabilidade possui uma perspectiva objetiva para a análise das transações comerciais, tendo como foco o desenvolvimento dos negócios
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A história da contabilidade no Brasil é construída por indivíduos e suas contribuições ao longo do tempo. Compreender essa jornada é mais do que uma busca acadêmica; é uma exploração para decifrar a sociedade daquela era. Olhar para as vivências e necessidades das pessoas da época lança uma luz sobre a utilidade da contabilidade no passado e no presente. Ao fechar as páginas da "Metafísica da Contabilidade Comercial" de Estevão Rafael de Carvalho, somos lembrados de que a educação contábil transcende gerações.
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Fonte: GOMES, F. P. C.; LIRA, T. A. . O primeiro livro brasileiro de Contabilidade: A Metafísica da Contabilidade Comercial. Revista ABRACICON Saber, Brasília, p. 40 - 49, 11 mar. 2022. Acesse Edição 38