Considera-se que toda ocupação tem um histórico que, em parte, pode ser descrito pelas mudanças nas atividades exercidas, nos valores que lhes são dados e no ambiente no qual a ocupação está inserida. Assim, para compreender uma profissão no presente é pertinente compreendê-la enquanto ocupação, ou seja, entender sua história.
Durante o período colonial da história do Brasil, e mesmo durante o século XIX, os praticantes da contabilidade não eram considerados um “grupo particular”, nem a própria contabilidade era uma área definida na divisão social do trabalho. Esses praticantes faziam parte de um grupo de trabalhadores denominados genericamente “caixeiros” ou, simplesmente, “empregados no comércio”.
A nomenclatura incluía-se várias ocupações, por exemplo: guarda-livros, encarregado de venda, escriturário, moços do comércio, criados de loja e caixeiro de fora. Essas designações guardavam estreita relação com funções desempenhadas pelos trabalhadores e serviam para posicioná-los hierarquicamente.
Essas e outras informações podem ser lidas no artigo “Requisitos exigidos pelo mercado aos praticantes da contabilidade na segunda metade do século XIX” publicado na Revista Contabilidade & Finanças pelos autores Angélica Vasconcelos, Adriana Silva, Patrik Gomes e Cilene Vieira, cujo objetivo foi analisar anúncios de emprego publicados em jornais paraenses entre 1859 e 1889 para identificar o perfil do profissional contábil da época.
“Os resultados desta pesquisa indicam que o mercado exigia que os praticantes contábeis fossem do sexo masculino, na faixa etária de 12 a 16 anos, com boa conduta atestada por fiador e conhecimento prático que nem sempre era restrito ao universo contábil. Os achados demonstram que não havia definição objetiva dos limites da identidade da ocupação e, em essência, os requisitos exigidos dos praticantes da contabilidade na segunda metade do século XIX persistem temporalmente”.
As evidências proporcionam a possibilidade de fortalecimento das pesquisas da área da história da contabilidade ao demonstrar a dificuldade de definição do que era um “praticante da contabilidade”, uma vez que a expressão abrangia uma infinidade de situações de emprego, o desempenho de diversas tarefas e incluía sub ocupações especializadas.
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Imagem: Gravura de 1517 mostrando o banqueiro Jacob Fugger em seu escritório ditando para seu contador-chefe M. Schwarz.