Após um tempo de grandes dificuldades, conhece o coronel Isidoro Rodrigues Pereira, um homem rico e casado que, depois de viúvo, casou com Ana. Malvista pela sociedade desde a adolescência, Donana era alvo de moralistas por seu comportamento liberal para a época – afinal, havia sido mãe solteira e ainda tinha que aturar os boatos de que antes de casar com o coronel Isidoro tinha sido sua amante. Mas após o casamento com um dos homens mais ricos da província do Maranhão, voltou a ser respeitada.
Depois da morte do marido, Ana Jansen, se mostrou uma excelente comerciante. Alcançou o posto de maior produtora de cana-de-açúcar e algodão da região, monopolizou a distribuição de água na província e foi senhora do maior número de escravos da redondeza. Reativou um partido político e virou voz social importante – algo impensável para o século em que vivia, quando as mulheres não tinham vez nas decisões.
É nesse cenário, que a pesquisa de Sampaio, em conjunto com Gomes e Porte teve como objetivo analisar e compreender o papel de Anna Joaquina Jansen na chefia de empresas familiares na perspectiva da pesquisa de gênero na história da contabilidade.
“Mediante a análise dos manuscritos e dos jornais da época foi possível constatar que Anna Jansen se tornou detentora de uma das maiores fortunas da região ao ficar viúva, e por meio desta fortuna conseguiu atingir lugar de destaque na sociedade maranhense. Sua atuação representa um romper dos paradigmas que tendem a anular a participação feminina em atividades econômicas e políticas, e levou ao seu reconhecimento como uma mulher muito à frente da época em que viveu. Embora não se tenha conhecimento de registros técnicos mantidos por Anna Jansen ao longo de sua vida, constata-se por meio dos documentos primários analisados que possuía grande destreza para a administração das suas propriedades e seus bens (Sampaio, Gomes & Porte, 2017, p. 59”.